sábado, fevereiro 05, 2011

A verdade a que temos direito


José Pedro Castanheira assina hoje no Expresso um artigo sobre um livro lançado pela CGTP para assinalar os 40 anos da actividade sindical da central.
José Pedro Castanheiro não se pode considerar um perigoso direitista, reaccionário e porventura anti-democrata. Foi jornalista no jornal A Luta ( do PS), no O Jornal ( dos ligados ao PS e ao MES e ao PCP e esquerda em geral) e ultimamente parou no Expresso.

Denuncia no artigo uma série de ocultações de factos, manipulações de ocorrências e simples mentiras enformadas naquele livro nos textos de "sete dirigentes e quadros" da Inter. É ler o artigo, clicando na imagem acima.

Nessa altura, em Maio de 1974, as forças sindicais começavam a tomar o pulso às tendências revolucionárias da Esquerda que se afirmaram logo nessa altura como nenhuma outra força política, na ausência de partidos organizados, para além do PCP e do PS.
Este mais timidamente, mas sempre com a força que lhe emprestou Mário S. vindo do exílio e com ideias óbvias de tomar o poder político. O PS desse tempo corria sérios riscos de ser substituido por um MES, mais marcadamente de Esquerda como sempre foram os seus mentores .

A este propósito tem interesse uma passagem do livro Contos Proibidos de Rui Mateus que viveu estes acontecimentos por dentro e foi atraiçoado pelos antigos camaradas aquando do caso do "fax de Macau". Assim:
Criado após o 25 de Abril como manifestação de repúdio pelo convite de Sottomayor Cardia a um pequeno grupo de amigos, liderado por Jorge Sampaio, para integrar a manifestação do PS e convencidos de que «o PS não ia longe», o MES apareceria pela primeira vez no dia 1 de Maio de 1974. E, sem nenhum relevo, aquele grupo abandonaria o Movimento da Esquerda Socialista ainda nesse ano, para se constituir em Grupo de Intervenção Socialista.
Entre 1974 e 1978 funcionaria como uma espécie de grupo de apoio às teses mais radicais do MFA tendo mesmo defendido, em 1975, a tese de que votar em branco era votar no MFA. Em 1975, no IV Governo Provisório, Jorge Sampaio seria secretário de Estado da Cooperação e João Cravinho ministro da Indústria, tendo ficado ao lado de Vasco Gonçalves mais tempo do que seria democraticamente recomendável.

Estas imagens do Século Ilustrado de 18 de Maio de 1974 dão uma pálida ideia do que se passava então, no "movimento sindical", com uma CGTP em busca da hegemonia que causava sérios problemas aos outros candidatos ao discurso de "esquerda", como o PS e o MES.

A revista deixou de se publicar entre 10 e 14 de Maio de 1974 ( a revista tem data de capa de 18 de Maio, mas no interior aparece como sendo de 11 de Maio...) e outras publicações do grupo sofreram os mesmos problemas nesse período. É ler os motivos, clicando na imagem abaixo...

3 comentários:

Floribundus disse...

um velhinho da minha idade ganhou muito dinheiro e chegou só com a reforma ao fim da vida:
-que ao dinheiro?
-'fudi-o'

assim vai o país socrático

José Domingos disse...

A "verdade" a que temos direito.
A verdade histórica, é só uma, o resto são alternativas.

Unknown disse...

Afinal não estamos como a Grécia ou a Irlanda... estamos é como o Egipto - há 30 anos sob a ditadura dos mesmos mandriões.