Com o 25 de Abril de 1974 foram-se os capitais, escorraçados pelos comunistas e ficou a miséria. Mas andavam todos contentes a brincar aos partidos e à política. Mário Soares estava nas suas sete quintas, só que já não tinha feitores, nem cães, nem gado nem gente para as trabalhar.
Em 11 de Março de 1975 a "banca" passou toda para o povo e o povo ficou contente e satisfeito com o feito comunista. Dali a meses, gemia porque não havia dinheiro para mandar cantar um cego. A indústria pesada, toda nacionalizada e também do povo pouco ou nada produzia, apesar de os salários terem sido aumentados por decreto. A inflação aparecia a galope e...o que fazia Mário Soares, sempre nas suas sete quintinhas?
Fazia isto, sem vergonha alguma ( como a gora continua a não ter e por isso todo o mundo lhe pertence): " aumentos dos transportes, racionamentos selectivos, limitações de remunerações complementares, etc etc. Sem meios para fazer face à iminente bancarrota ( a primeira em décadas e décadas, que o "fassismo", esse regime miserável nunca teve) Soares aderiu àquilo que agora não quer nem ver pintado: a austeridade pura e dura. Começou com subsídio de Natal, que foi pago...em títulos.
Medina Carreira deve saber bem porque estava lá a ver o barco nacional a afundar, numa maré de demagogia, incompetência, irresponsabilidade e sem vergonhice maior- tudo características natas deste Soares que nos saiu em rifa e anda por aí a arrastar-se em completa desfaçatez.
Nessa altura, como estava no poder e tinha responsabilidades pesadíssimas sobre o que acontecia recomendava austeridade como caldo de galinha para a maleita nacional. Agora regurgita vómitos de ignomínias para com este governo que tenta fazer o melhor que pode e sabe para remendar outra iminente bancarrota preparada a preceito pelos parceiros de Soares. Fantástico! Só visto. Em 1984 voltou ao mesmo...com a mesma desfaçatez e tenho por aqui mais memórias dessa época. Para recordar um dia destes...só é pena que as pessoas não se lembrem deste farsante político e não lhe dêem o pontapé metafórico que há anos anda a merecer.
Repare-se o item "Empresas intervencionadas": "O Governo diz não ( reforçado a negrito no original) ao estado patrão. Procura encontrar soluções para as trezentas empresas intervencionadas as quais terão que ser ou de novo entregues à iniciativa privada, ou entrarem em esquemas de economia mista ou virem a ser transformadas em cooperativas".
Repare-se nisto que até agora desconhecia: Soares, em 1976, já tinha a noção que a nacionalização do tecido produtivo tinha sido um erro enorme. Pois bem, só em meados dos anos oitenta, para fins, em 1989, com a revisão constitucional e depois da entrada de Portugal na CEE aceitou abandonar a norma constitucional da "irreversibilidade das nacionalizações". Repare-se nisto que é importante: Soares só mais de uma dúzia de anos depois foi capaz de pôr em prática, e mal, aquilo que já em 1976 sabia ser inevitável. Um indivíduo destes que faz uma coisa destas a um país, merece que sorte? Ser presidente da República, voilà! E foi exactamente por isso que se opôs à mudança constitucional. Se assim não fosse nunca teria sido eleito pelos" pobrezinhos" do pcp e de toda a esquerda, contra a "burguesia" e que taparam os olhos para colocar a cruzinha no boletim de voto. Tal e qual.
E depois até o PSD votou neste farsante. O tempore! O mores!