domingo, dezembro 01, 2013

Portugal já foi um país a sério...

Vasco Pulido Valente retoma hoje no Público uma ideia antiga: o Portugal de hoje não é um país para levar a sério.
De facto, basta ver quase diariamente uma tal Catarina Martins a falar na tv para perceber que há uma parte do país, com destaque mediático e impulsionado por jornalistas que não pode ser levado a sério.
O grave nisto tudo é o tempo que isto dura. O tempo em que começou e que ainda não acabou, ao contrário de países europeus para levar a sério e que não têm destas figuras diárias nas tv´s nacionais.
Tal como VPV refere, depois de "o fim do marcelismo" ter sido a época mais feliz da sua vida, com a esperança de " uma vida livre, numa democracia à europeia, sem guerra e sem colónias", começou logo a desilusão. Logo, logo. É importante perceber que ilusão foi essa e que desilusão ocorreu entretante e porquê.  VPV não parece ter entendido o que foi a tal ilusão porque andava mesmo iludido em 1973. Será bom recordar para quem não se lembra e mostrar para quem não soube. Porque isto dura mesmo há quarenta anos e as figuras ilusórias e ilusionistas continuam aí a merecer encómios, até mesmo de VPV.


Em 2 de Novembro de 1973, há quarenta anos, a revista Observador publicou estas páginas que mostro. Era o tempo das eleições, diferentes das de hoje porque restritas e sem "liberdades amplas" ( o partido comunista não entrava e era uma medida acertada, como se viu depois de 1989)  mas de qualquer modo com um embrião de oposição verdadeira que desistiu do acto eleitoral. O cartoon de Quito ( o autor do cartaz do 28 de Setembro de 1974, da maioria silenciosa)  vale  mil palavras para mostrar o panorama de então.
Cito esta revista porque era das que fazia parte de um regime coerente, embora pretendesse "ir mais além com..." no caminho da modernidade que se anunciava. A revista espelhava fielmente o marcelismo e aposto que Marcello Caetano a lia com agrado ou pelo menos com circunspecção. Não era "fassista" ou reaccionária, como epítetos que os comunistas punham a outros media como por exemplo os jornais afectos ao regime, aliás muito poucos, um ou dois, se tanto. Era o que de melhor se fazia então em Portugal e mostrava o país que éramos e do qual me lembro e VPV se lembra também. Suponho que a Censura não perdia muito tempo com essa revista, ao contrário do Expresso que já era cretino nessa altura.

Torna-se interessante ler o artigo "portugueses falam de política" a propósito de uma sondagem do  IPOPE. Quem souber ler nas entrelinhas percebe que povo português não era parvo, mas concordava com a política de então, na generalidade. E por isso não houve revoltas populares de vulto. E por isso o 25 de Abril surgiu e foi aclamado pelo povo nos primeiros dias, porque a promessa de liberdade era um factor importante de afeição.
Porém, como escreve VPV, durou pouco, importando perceber porquê e principalmente por que razão quem entende essas razões não é coerente nas análises e conclui em conformidade: foi a Esquerda quem nos tramou. Sempre.


Por exemplo, na Educação. Este número da revista é consagrado aos "grandes problemas nacionais" e o assunto é a "Educação e o ensino", duas palavras que hoje significam pouco, porque envolvidas em "paixão" e "iscte" ( uma instituição criada por Marcello Caetano para acantonar os "sociólgos" esquerdistas de então). As razões, também merecem ser compreendidas. Por exemplo, na imagem abaixo, avulta uma reunião de professores liceais. Basta olhar para a imagem e retirar ensinamentos. E um deles é a razão pela qual a Esquerda ( Rui Grácio, PS) aboliu o ensino das escolas secundárias industriais e comerciais: os professores dessas escolas geralmente  não usavam gravata...no entanto eram chamados de "mestres". Porque o eram.
Parece anedota? Não é. É semiótica e seria bom entender esses sinais.


Hoje em dia o que sobra? Por exemplo esta semiótica política, também no Público de hoje. Este indivíduo votou em 1976 contra a Constituição. Foi depois candidato presidencial pela "direita", seja isso o que for que não sei o que seja.
Veja-se o que agora fiz da lei fundamental e tente perceber-se porque o faz, sem o pudor mínimo nestas coisas.



38 comentários:

S.T. disse...

O José já leu o H.D. Thoreau ?

José disse...

No, sir.

S.T. disse...

Pois devia ler . A começar pelo «Walden» e a seguir pela «Desobediência civil» . Um abraço.

S.T. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José disse...

E o que poderia retirar daí?

Estou a ler, em simultâneo, vários livrinhos.
Um deles,The German Genius, de Peter Watson tem algumas centenas de páginas.
Outro, Rocha Saraiva, professor de Salazar, de Paulo Otero (um bom livro) tem duas centenas e meia de páginas.
E ainda o Mau tempo no canal, de Nemésio, na edição facsimile.

E várias revistas. E...e...

Não há tempo para tudo. Por isso, pergunto se será urgente ler. Convença-me...

Unknown disse...


«««Devemos apreciar a sua disponibilidade. É um lutador.»»»


Basílio Horta, referindo-se a Mário Soares, avisando que no concurso “notável sabujice” e no campeonato português “da falta de vergonha na cara ”, ele continua a ser um sério candidato ao troféu.

Carlos disse...

José,

"Portugal é um estado de direito em que todos os cidadãos são iguais perante a lei".
"Portugal já foi um país a sério..."

Em que ficamos?

josé disse...

Ficamos em que dantes não se dizia tal coisa na Constituição, porque tal não é verdade, em absoluto.

Agora diz-se. E como não é verdade em absoluto, não se cumpre. Se se cumprisse, Pinto Monteiro e Mário Soares teriam nesta altura um inquérito e arriscavam penas de prisão efectiva.

josé disse...

A Cosntituição de 1933 dizia que "O Estado português é uma República unitária e corporativa, baseada na igualdade dos cidadãos perante a lei, no livre acesso de todas as classes aos benefícios da civilização e na interferência de todos os elementos estruturais da Nação na vida administratuiva e na feitura das leis."

É ligeiramente diferente embora o valor esteja lá, também.

Não era tão hipócrita e jacobina como a actual...

Maria disse...

Este Basílio Horta é um cínico e oportunista de primeiríssima água e falso como Judas, para o testar basta observarmos o seu ziguezagueante e reles percurso político. Há pouco tempo passou numa televisão parte do debate entre este e Soares aquando da campanha para as primeiras presidenciais. Aquele acusou este, outro farsante que só visto, de trapolinices e corrupção vária. A dada altura Basílio ia demonstrar as trafulhices e corrupção detectadas no caso "Emáudio" em que Soares estava metido até à raíz dos cabelos, quando foi por este abruptamente interrompido... atalhando d'imediato com outro assunto sem importância para calar o oponente sobre um assunto demasiadamente escaldante e por demais revelador no qual Soares estava directamente envolvido..., não mais pegando no dito. Estaria esta mise-en-scène combinada d'antemão entre os dois? Sim, de certeza, é esta a conclusão que hoje se pode retirar dada a cínica actuação política que temos vindo a testemunhar ao longo dos anos praticada pelos eméritos farsantes que temos tràgicamente tido como governantes-fatoches.

Nesta trágicomédia em que eles são os principais e diabólicos actores, ficámos com mais uma prova fidedigna se tal fosse sequer necessário perante as abjectas cambalhotas políticas que temos vindo a observar nestes quarenta anos recheadas de pulhices incontáveis e velhaquices mil, da massa pútrida de que são feitos os 'nossos' políticos e sobretudo da completa falsidade e espírito traidor de que se revestem todos e cada um dos obreiros que engendraram e puseram em prática o maldito regime que somos obrigados a suportar para mal dos nossos pecados.
Que mal fizemos nós a Deus para nos ter caído em cima semelhante cataclismo a cada cem ou duzentos anos? Será esta a terrível sina dos portugueses? Já passámos por inúmeros e tremendos dramas durante a nossa longa História, mas nunca um com tão catastrófica dimensão e de tão incomensurável malignidade.

Carlos disse...

José (depois de sacudir o pó),

"...na igualdade dos cidadãos perante a lei, no livre acesso de todas as classes aos benefícios da civilização e na interferência de todos os elementos estruturais da Nação na vida administratuiva e na feitura das leis." Blá, blá, blá!...

Tal como aquela anedota: "meu filho, quando cresceres, vais ser bombeiro voluntário, quer queiras quer não".

E para garantir todos estes princípios, criaram uma polícia terrorista protectora da ideologia do regime. Implementaram a censura, mantinham os maiores índices de pobreza e miséria no país, etc., etc..

Haja (mesmo) pachorra!

zazie disse...

Pois é. Assim isto tivesse sido como na URSS que o crescimento ainda era maior.

Agora que o PCP tem rédea solta vê-se como ajudam o país a safar-se.


Índices de pobreza em comparação com quê, palerma.

zazie disse...

Estes cretinos passam a vida a repetir a mentira dos "indices de pobreza e miséria" que mete nojo.

Quais índices? Em relação à primeira República, é isso?

Em relação aos restantes países da Europa?

Ora mostra lá os gráficos comparativos, meu grande idiota que só por estupidez se continua a fazer passar esta aldrabice.

zazie disse...

Para estes palermas a culpa é sempre da "Direita" (o que quer que isso seja, quando até pode ser corporativismo de bem comum).

Há 40 anos que isto é de esquerda, dá para ver os índices de riqueza que se conseguiu, não dá?

Estamos mesmo na estratosfera democrática do progresso europeu.

Ou agora a culpa é dos facistas salazarentos que nem existem ou do "neo-liberalismo" que nunca existiu?

josé disse...

"E para garantir todos estes princípios, criaram uma polícia terrorista protectora da ideologia do regime. Implementaram a censura, mantinham os maiores índices de pobreza e miséria no país, etc., etc.."

Nem era terrorista- o Copcon foi muito mais e foi legitimiado por coisa nenhuma- nem protegeram qualquer ideologia explícita. Protegiam sim, a legalidade vigente. No caso, a proibição do comunismo. E tinham razão, nisso. Inteira razão.

Desafio-o a escrever o contrário com argumentos.

josé disse...

Sobre a miséria e a pobreza basta olhar para o que se passou no Leste comunista para percebermos como ficaríamos se o comunismo tivesse ganho, com o apoio dos carlos todos.

Carlos disse...

"Desafio-o a escrever o contrário com argumentos."

José,

Não vale a pena. Até porque, mesmo reconhecendo razão em ambas as situações, uma não anula a outra.

Quanto à palerma, cretina, idiota, etc., etc.,...lamento, sua infeliz com a vida!

zazie disse...

Lamentas a tua mãezinha que pariu tamanha bosta.

zazie disse...

Tu não tens argumentos.

Só esquentamentos e depois passas a vida a acusar os outros de facciosismo.

Carlos disse...

"Lamentas a tua mãezinha que pariu tamanha bosta."

Só o anonimato permite tenhas o focinho direito.

Porca e cobarde com pseudo-roupagem intelectual que infesta tudo o que lhe dá guarida.

josé disse...

Desvalorizem lá os insultos e botem argumentos para que se possa chegar a algum lado.

Como é sabido, a linguagem grosseira não é necessariamente insultuosa e se se der o desconto devido e semântico até se torna pitoresco.

Bote lá os argumentos, Carlos que esses é que importam.

Para apimentar mais vou colocar mais umas páginas sobre a "acção política" há 40 anos...

zazie disse...

Quem começou foi o tosco.

Eu nunca insulto ninguém.
Mas, se se armam em besta, levam para trás.

Ele fez afirmações estúpidas e eu pedi para concretizar.

O palerma responde com insultos.

zazie disse...

Eu escrevi isto:

«Quais índices? Em relação à primeira República, é isso?

Em relação aos restantes países da Europa?

Ora mostra lá os gráficos comparativos, meu grande idiota que só por estupidez se continua a fazer passar esta aldrabice.
»

O tosco vai e responde com isto:

«Quanto à palerma, cretina, idiota, etc., etc.,...lamento, sua infeliz com a vida!»

Que é que estava à espera?

zazie disse...

Foram uns piropos entre cretino e idiota

AHAHAHAHAHHAHAHA

Carlos disse...


José,

Por agora, tenha lá paciência!

Porca e cobarde. E só um qualquer conivente não percebe de onde partem os insultos.

zazie disse...

Então fica uma troca de piropos entre uma idiota e um varrasco

":O)))))))))))

josé disse...

O Carlos leva-se demasiado a sério...mesmo que viva num país que já o não é tanto assim...ahahaha.

Carlos disse...


Ao José,

"Lamentas a tua mãezinha que pariu tamanha bosta."
Fique com este: "semântico e pitoresco pirôpo."

Sabe José, cada um tem a mãe que merece!


josé disse...

É o que eu digo: há insultos às frases; não às pessoas.
Por vezes escrevo frases que também mereceriam insultos tipo "bosta". E daí?

josé disse...

São insultos a que eu chamaria antonomásicos por tomarem uma opinião em forma de pessoa. Ou então metonímicos.

josé disse...

Em resumo: não se ligue tanto a isso.

josé disse...

Portanto, não são para levar a sério porque são meramente retóricos.

Há outra forma de retórica menos equívoca? Há, mas não me incomoda.

zazie disse...

òh, homem que é homem nunca se pode sentir insultado por uma mulher.

Só os rabetas ou flores-de-estufa é que têm estes achaques.

Curto o Birgolino porque sou capaz de ser mesmo brutinha com ele e ele nunca se amofina.

É um sedutor nato. Ainda é capaz de fazer post a pedir ele desculpa pelos supostos insultos que me dirigiu que nem foram nada comparados com o que lhe tinha dito.

ehehehe

E eu não sou mulherzinha. Nunca fulanizo nada nem sou porteira nem ataco com cenas psicológicas daquelas foleiras em que se pensa que se está a apalpar a alminha de outrem.

Eu mando bocas em pé de igualdade com qualquer pessoa que seja saudável.

Se não é saudável e faz fitinha, então ainda bem- é porque estava mesmo a pedi-las.

zazie disse...

E faço isto online, do mesmo modo que sempre fiz assim, ao vivo, desde que me conheço.

Nunca fui vítima de machismo por isso mesmo- porque sempre respondi taco a taco.

E também sempre me encanitaram os mariquinhas. Esses levavam a duplicar.

zazie disse...

Se o Carlinhos não fosse iletrado sabia de onde vem o meu nick.

E não fui eu quem o inventou. Puseram-mo.

Por alguma razão.

Carlos disse...



A má-criação não tem sexo.

O insulto a interlocutores, recorrendo até à figura de terceiros, é do mais baixo nível. Acresce ainda que a autora, se define arrogantemente como muito culta e muito erudita na sua vernácula prosa. Qual Gil Vicente!
Mas, para mim, um cão é um cão e gato é um gato.
Assim, provas de masculinidade só com quem me interessar e a relação a isso leve.
Quanto à personalidade em causa, que presunçosamente entende que todo o mundo a deveria conhecer, quiçá idolatrar, para mim não passa de uma reles porca, formatada eventualmente pelas frustrações que a vida lhe proporcionou.
Envelheça pois na solidão do seu éden que não deve ser muito diferente de uma qualquer ETAR.

Agora que fiz a descarga da minha cisterna sanitária, pode continuar a entupir todos os blogues que lhe dão guarida.

zazie disse...

Grande labrego.

O que acabas de escrever é qeu é prova absoluta de labreguice fulanizada que só um homenzinho rasca podia dizer.

João Nobre disse...

Publiquei:

http://historiamaximus.blogspot.pt/2013/12/portugal-ja-foi-um-pais-serio.html

Contacto: historiamaximus@hotmail.com

A obscenidade do jornalismo televisivo