segunda-feira, abril 13, 2015

O vento da História dos anos sessenta

Franco Nogueira escreve que a viragem ocorreu a partir de meados dos anos sessenta. E que Salazar se lhe referiu logo em 1965 quando discursou sobre o futuro do regime que afinal era temporário e já durava há mais de 40 anos.
Salazar disse sobre isso que "o que interessa é descobrir a linha de continuidade de um sentimento colectivo. Pode a força fazer revoluções mas não pode por si mantê-las sem o apoio da consciência nacional".

E é aqui que começam a soprar os ventos da História, porque a tal "consciência nacional" se modificou nos anos vindouros.

Razões? Diversas e devemos tentar percebê-las nos sinais que nos eram dados no dia a dia comum. Por exemplo, estes belos recortes de pasquins podem bem ajudar a tal compreensão:

Século Ilustrado de 6 de Junho de 1964.



 Estas imagens prenunciavam que estoutras acabariam em breve, porque ambas se excluiriam mutuamente e quem ganhasse o poder de representação mediática, afastaria as outras, como aconteceu:


 Em Dezembro de 1963 as grandes  mudanças já se anunciavam assim, na mesma revista:







E principalmente esta, operada na Igreja Católica, com o Concílio Vaticano II. A mudança ocorrida assemelha-se a uma reforma gregoriana ao contrário e que é acompanhada por efeitos devastadores que  hoje se sentem em pleno. A Missa e os rituais deixam de ser ditos em latim e o padre, na Igreja, vira-se para " a comunidade" e os rituais abandonam o mistério antigo das celebrações monacais.

Foi isto obra de alguém em particular, mesmo genial? Não, não foi. O que ocorreu dá-nos exactamente o sentido do que se deve entender por "ventos da História". Foi o Tempo...


11 comentários:

muja disse...

Não foi obra de alguém?! Então foi um concílio de quê? Ar?

josé disse...

De quem em concreto? Um concílio congrega centenas de prelados de todas as partes do mundo.

Foi um papa que o convocou, é certo. Mas não o fez por recreação individual.

josé disse...

Se há entidade colectiva com séculos de experiência é a Igreja.

Em plena Idade Média, tomou as rédeas do poder profano, juntando-o ao religioso, no dia de Natal do ano 800.

Carlos Magno foi a cobaia. O grande Carlos Magno.

Durante séculos, a Igreja mandou. Tanto que a nossa Nacionalidade foi reconhecida pelo Papa, se não nada feito.

E no séc. XVI precisamente quando fomos Descobridores a Igreja atravessava o seu momento mais negro, com o papa Borgia.

muja disse...

Quer que procure nomes? Já li alguns e tenho-os aí algures. É que no meio das centenas de prelados havia uns mais "dinâmicos" que outros...

muja disse...

Ora veja, dum livro de Henry Coston que aqui tenho intitulado:

Ces théologiens écartés par Pie XII pour ce motif de taux et dangereux œcuménisme, devaient être les vedettes du deuxième Concile du Vatican où ils se retrouvèrent, «Pères, experts et compères» pour l'élaboration des textes les plus importants. Un Père conciliaire a apporté là-dessus son témoignage personnel en ces termes :

«Le Concile, dès les premiers jours, a été investi par les forces progressistes. Nous l'avons éprouvé, senti, et quand je dis «nous », je puis dire la majorité des Pères du Concile à ce moment-là. Nous avons eu la conviction que quelque chose se passait dans le Concile qui était anormal. La manière dont ceux qui ont voulu détourner le Concile de sa fin en attaquant la Curie Romaine et par elle, Rome et le successeur de Pierre, fut scandaleuse.

«Lorsque le cardinal Ottaviani nous a proposé les noms de ceux qui avaient fait partie des commissions pré-conciliaires, en vue de choisir les membres des commissions conciliaires (et c'était tout à fait normal, puisque nous ne nous connaissions pas entre nous: nous étions deux mille quatre cents qui venions de tous les pays du monde), ce fut un «tollé» de la part de «Ceux des bords du Rhin». Ils se sont élevés contre la « pression» qui était faite par Rome pour imposer les membres des commissions. Stupeur dans l'assemblée! Or, le lendemain, ON NOUS DISTRIBUAIT DES LISTES INTERNATIONALES TOUTES PRETES, faites de noms que nous ne connaissions pas et qui ont fini par passer... C'est ainsi que les commissions ont été, pour les deux tiers, formées par des membres qui étaient progressistes.» (1)


(1) Mgr Marcel Lefebvre, «Après le Concile, l'Eglise devant la crise morale contemporaine». Supplément au n° 86 du Bulletin du Cercle d'Informationt civique et sociale, 51, rue de la Pompe, Paris-16éme. L'allusion à «ceux des bords du Rhin» reporte au livre du R.P. Wiltgen «The Rhine flows into the Tiber", dans lequel l'auteur démontre que le Concile a été «fabriqué" par des évêques hollandais, français et allemands.

muja disse...

Portanto, sempre que esses ventos se fazem sentir, quando se vai a ver bem donde sopram, sempre se encontram afinal ventoinhas...

E ainda não consegui encontrar os nomes, que pensava que estavam neste livro mas não encontro.

Mas já sabemos de onde eles vinham...

Gonçalo Soares disse...

"O Concílio Vaticano II. Uma História Nunca Escrita", de Roberto de Mattei

Floribundus disse...

Nascimento cantou
'o vento mudou e ela não voltou'

nem a Igreja voltou a ser a mesmo
nem a revolução de 28.V

os anos 60 foram anos de mudança:
dos Beatles ao Vietnam
passando pela crise académica portuguesa

estamos a pagar as facturas:
política e social

Gonçalo Soares disse...

"Windswept House: A Vatican Novel" de Malachi Martin;
"O Século do Nada" de Gustavo Corção;
"Iota Unum: A Study of Changes in the Catholic Church in the Twentieth Century" de Romano Amerio;
"The Liturgical Revolution" de Michael Davies;
"O Reno se lança no Tibre" de Ralph Wiltgen
"Goodbye, Good Men: How Liberals Brought Corruption Into the Catholic Church" de Michael S. Rose;

Floribundus disse...

lá vamos alegremente

«Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
....
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não. »

a esta merda que os lateiros vão comemorar

Ricciardi disse...

Antway, os ventos sopram. Os ventos da mudança. Modas, tecnologias, informacao, emigrantes a regressar de férias às centenas de milhar- na França é q era bom-... Tudo isto e mais outras coisas mudam as consciências. Mudam apenas. Nuns casos para melhor, noutros para pior.
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No Portugal daqueles tempos essas mudanças só se podiam fazer pelas esquerdas. Por oposição à direita que detinha o poder. Se no poder estivesse a esquerda, a mudança seria feita pelas direitas.
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O povo passou a ser num ápice das esquerdas?
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Não. Claramente. Apenas sustenta aqueles que podiam fazer a mudança. No caso, sustentou as esquerdas. É por esta razão q vemos muitos q hoje militam nas direitas que na altura sustentavam as esquerdas. Barroso é apenas um exemplo.
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Qual foi o erro do regime?
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Salazar ter durado no poder mais uma década do que o q seria desejável para q a mudança pudesse ter sido feita sem pressão e a contento dis nossos interesses nas colónias.
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Rb

A obscenidade do jornalismo televisivo