quarta-feira, abril 22, 2015

Programa PS: à primeira quem quer cai; à segunda quem quer e à terceira só mesmo quem é tolo

O PS está aí outra vez com as promessas mirabolantes de sempre e o discurso habitual sobre o papel do Estado na Economia.

Desta vez traz um suposto economista "liberal" que alinhavou nalgumas dezenas de páginas, umas ideias acerca do assunto que é para "pensar em grande", mas depois logo se verá como vai ser.

Estas ideias do PS para a Economia em que o Estado assume sempre um papel relevante e tipicamente keynesiano não são novas, como o não são as ideias acerca dos empresários portugueses que não estão ao nível da intelectualidade típica desse PS e por isso deveriam adaptar-se.

Tal preconceito é antigo e tem assinatura:

Em 22 de Junho de 1974 um dos expoentes desse PS, o incrível Constâncio prognosticava algo indefinido entre a "Suécia e a Jugoslávia" . Como? Logo se veria...

Outra eminência pardacenta desse partido, o também incrível Cravinho dava também uma na ferradura em 16 de Novembro de 1974:


Depois das nacionalizações, o PS acreditou piamente no funcionamento da Economia movida pelo vapor do Estado e electrificada pelos seus magníficos gestores que davam choques de ineficácia em tudo o que mexia no sector, mas a ideologia comandava tudo e servia de pára-raios para essas desgraças anunciadas por quem sabia e tinha experiência de vida empresarial.



Como se alterara o paradigma houve logo quem mudasse de agulha e de casaca, vestindo a que hoje ainda ostenta e que é  uma vergonha nacional, há décadas.

Este indivíduo tem sido uma das melhores cauções daqueles que pretendem sempre "lutar contra a pobreza e as desigualdades" e acabam sempre por as aprofundar ainda mais, conduzindo o país, invariavelmente para as bancarrotas sucessivas e iminentes. 


Em 1976 estas ideias deram no que deram: a primeira bancarrota. Poderia suceder que este PS mudasse de ideias e arrepiasse caminho? Nem pensar! Aprovaram uma Constituição que garantiu durante uma dúzia de anos que Portugal ia a caminho de uma sociedade socialista, daquelas sem classes e tudo.
O Estado tinha tudo ao dispor: banca, seguros, grandes empresas, investimentos à mercê dos génios da gestão que o PS tinha e continua a ter, como se pode ver agora, com este novo parvenu de Harvard ( o que é que pensarão do indivíduo, por lá? Alguém se importa?)

Em 1976 este PS tinha lá por exemplo um Medina Carreira, nas Finanças e que pode explicar melhor a loucura que invadia aqueles gabinetes. Ou um Silva Lopes recentemente falecido e que também foi explicador do assunto. 


Não obstante as explicações, no PS ninguém aprendeu nada ou esqueceu o essencial: o Estado deve mandar na economia e "investir" para se criar riqueza.

Em 1983, perante o espectro de nova bancarrota e o falhanço generalizado da Economia movida a vapor pelo Estado e electrificada pelos gestores tipo PS, o panorama era assim apresentado por aquele génio incompreendido, chamado Cravinho, sempre a malhar na ferradura e então integrado num GEBI (!):
A culpa era dos empresários. Os gestores do Estado, como o tal Cravinho nada podiam fazer com tal substracto de pobreza indígena. Portugal, em vez de mudar de povo, deveria ter mudado de empresários que os que havia não prestavam.

Por isso mesmo o descalabro de nova bancarrota e das empresas públicas tornadas elefantes brancos era coisa de somenos, porque o problema residia nos empresários. E sem novos, nada feito.

E portanto, por recomendação desse génio e de outros similares, sempre do PS, o Estado que comandavam decidiu mandar para o cemitérios os tais elefantes, em 1984.  Com eles nada aprenderam e pouco esqueceram, como é próprio desses bichos de grande porte.


Tal desgraça colectiva tornou-se tão evidente que um dos críticos do regime disse publicamente em1986:


Ou seja, falhamos tudo desde que aqueles génios do PS mandam na Economia. Duas bancarrotas e nada se aprendeu.

Actualmente há um fenómeno estranho que contradiz o que os mesmos génios incompreendidos proclamam e que é este: somos bons a lidar com o metal. O puro que não o vil. Desde os tempos daquele Champallimaud que outro génio incompreendido ( João Martins Pereira, guru do BE) apeou intelectualmente ( pode ler-se aqui), que somos muito bons a lidar com essa matéria, desde que o Estado não se intrometa demais.


A indústria metalúrgica, em Portugal, tem uma longa história, mas basta recuar a 1945 para perceber a sua importância. Nesse ano, António de Oliveira Salazar publica a Lei do Fomento e da Reorganização Industrial, com o objetivo de travar as importações. ?O II Plano do Fomento vem dar prioridade à siderurgia, nascendo assim a Siderurgia Nacional, concessionada a António Champalimaud. Na sua inauguração, no Seixal, em 1961, Ferreira Dias, ministro da Economia, diria: "País sem siderurgia não é um país, é uma horta."
"A metalomecânica pesada teve grandes empresas em Portugal, no setor naval e dos transportes, caso da Lisnave, da Setenave, da Sorefame ou da Sepsa", refere Rafael Campos Pereira. O processo de industrialização em curso assim o exigia, bem como o impulso dado pela eletrificação do País, com a construção de grandes barragens e centrais.
Essas grandes empresas, que viriam a ser desmanteladas ou ultrapassadas pela evolução dos mercados, deixaram uma herança: trabalhadores formados, com competências na área. "Houve pequenas e médias empresas que herdaram este know-how e foram inovando. Este setor nunca foi protegido, sempre competiu em concorrência nos mercados globais, e isso criou resiliência e uma capacidade de reinvenção. A estratégia vencedora tem sido a aposta nos segmentos mais altos, deixámos de competir com base no preço e competimos com a qualidade", refere o vice-presidente da AIMMAP.
Atualmente, entre os grandes nomes da metalurgia nacional encontram-se empresas como a Colep, fabricante de embalagens metálicas; a Ferpinta, produtora de tubos de aço, calhas e chapas; a Martifer, na área da construção metálica; a Simoldes, que trabalha sobretudo para a indústria automóvel e é considerada a maior fabricante de moldes a nível europeu; e a Silampos, famosa marca de loiça metálica, que produziu a primeira panela de pressão em Portugal, na década de 60.
Além destas empresas portuguesas, há capital estrangeiro investido por cá. Companhias alemãs (como a Mahle), japonesas (como a Tesco) ou francesas (como a Faurecia) têm presença em Portugal.

 Se isto é assim porque razão é que devemos cair outra vez eleitoralmente no logro de sempre e acreditar nestas balelas?

Não chegam três bancarrotas em quatro décadas, sempre protagonizadas pelos mesmos e sempre sustentadas com ideias peregrinas que só deram  falhanços colossais que nos tem arruinado?

À primeira quem quer cai, mas à segunda só quem quer. À terceira só mesmo quem é tolo. E já o fomos uma vez. Queremos repetir a loucura?

7 comentários:

Anjo disse...

Floribundus, pode, pf, esclarecer o que escreveu num post anterior: de que morreu o Padre Manuel Antunes? Era, ou não, diabético? Qual foi o erro de diagnóstico?

Fiquei com curiosidade...

Floribundus disse...

o Meu Saudoso Amigo consultou o guerra que lhe diagnosticou diabetes sem ter mandado executar qualquer análise clínica.

no início da década de 80 convidava-o para almoçar na rua de Buenos Aires onde me deslocava por razões profissionais.

por 84 começou a definhar e isso deixou-me preocupado.
perguntei-lhe se estava doente.
contou a história da consulta.

no dia seguinte levei-o a fazer uma análise com ingestão de açúcar. estava óptimo quanto a capacidade do pâncreas.
estava entretanto arruinado por uma década de erro de diagnóstico.

meses depois começaram a tratá-lo de doença de Parkinson, facto que me deixou as maiores dúvidas. o excesso de neurotransmissores não lhe provocava tremura das mãos.

fez muita falta

aos 84 considero-me vítima de 4 erros médicos muito graves
sobrevivi porque tenho alguns conhecimentos que permitem defender-me

está 'suciedade' está a condenar-se

Floribundus disse...

esta manhã escrevi este comentário noutro blogue
'não é necessário ver a merda
basta cheirar'

já estão em campo em regime de 'warm up' os xuxas facilitadores de negócios e o 'lóbi' dos industriais que vivem dos empreendimentos do estado

não admira que eanito, el estático, venha a apoiar a névoa
ele não gostava do Ferraz da Costa

o ps e esquerda são os campeões da BOSTA

Zephyrus disse...

O modelo sueco entrou em crise nos anos 80 e foram então tomadas medidas que por cá levariam à queda de um Governo. Melhor, nunca seriam aprovadas por inconstitucionalidade.

Entretanto a Finlândia entrou em crise e prepara voluntariamente um programa de austeridade.

Entramos aqui num problema antigo das elites portuguesas, problema esse que vem especialmente do século XIX. Fernando Pessoa tratou bem do assunto. Um estado mental chamado provincianismo.

Salazar nos seus textos mostra que pelo contrário é antítese desse estado mental. Chamam-lhe provinciano, se há figura política que não foi provinciana em Portugal foi o Professor.

Contudo, os provincianos que tomaram o poder imitam o estrangeiro no que lhes interessa. O povo interiorizou, também muito por culpa do mau jornalismo, que lá fora há um mundo onde as pessoas trabalham pouco, são bem pagas e o Estado garante gratuitamente Educação, Saúde e boa vida na velhice. Por cá, há uma Direita elitista e egoísta que quer essa mesma qualidade de vida só para os seus, conseguida à custa da exploração do bom povo, com o devido apoio político de um Governo fascista. Mas está aí a Esquerda para salvar o bom povo dos maus, dos fascistas, e garantir esse paraíso onde corre o leite e o mel, chamado Estado Social.

Que o povo por má instrução ou fraqueza de espírito acredite na ilusão, compreende-se. Que haja jornalistas ou professores universitários, gente com formação superior e com obrigação moral de serem rigorosos e de desmontarem a farsa, isso já não se perdoa.

Se a Suécia teve um Estado Social foi porque a economia o poderia pagar. Quando se percebeu o erro esse mesmo Estado Social foi reformado. Entre outras coisas, despediram-se funcionários públicos e entregaram-se serviços públicos a privados, que por cá são intocáveis, como a Educação.

Mas a sociedade sueca é luterana. E descendem das tribos germânicas. Não foram tocados pelo espírito de Roma há dois mil anos, o clima é outro e isso faz muita diferença. Orlando Ribeiro, o nosso grande geógrafo, explicaria bem a coisa.

Não se pode querer copiar para uma sociedade católica e meridional um modelo que funciona numa sociedade luterana e nórdica. Não vai funcionar.

E enquanto a mentira continua incutida no estado mental do povo, a Esquerda promete a sonhada qualidade de vida em que viverão os nórdicos, e que os egoístas e maus da Direita não querem. E assim se prometem subsídios, abonos, apoios, leis laborais que há muito foram abandonadas mais a Norte da Europa. Insiste-se em modelos que foram ou estão a ser abandonados por quem os teve, porque puro e simplesmente não funcionaram.

Tirando o prof. Medina Carreira, quem vem a público, a horário nobre, pôr os pontos nos i's e desmontar a farsa?

Zephyrus disse...

«À primeira quem quer cai, mas à segunda só quem quer. À terceira só mesmo quem é tolo. E já o fomos uma vez. Queremos repetir a loucura?»

Depois da bancarrota parcial de 1892, quantas décadas passaram até 1928?

E foram décadas de ideias peregrinas... e todas falharam porque o problema económico nunca foi devidamente resolvido. Mas o erro continuava.

Como alguém dizia... no século XIX vivemos com base no défice. Não faltou um fontismo que traria o progresso mas a miséria continuou e o problema económico não se resolveu.

Zephyrus disse...

Enquanto estiverem encostados à Europa a bandalheira vai continuar.

Por vezes penso que se nós e os gregos fossemos corridos do euro... seria até um favor que o resto da Europa nos faria. Enquanto não se virem sozinhos e sem dinheiro não irão aprender.

Entretanto, siga a fanfarra!

Zephyrus disse...

Agora temos uma conjuntura favorável.

Será mais uma oportunidade perdida.

Portugal novamente adiado.

Juros negativos, petróleo barato, euro em queda, turismo em alta, EUA, Espanha e Reino Unido a subir.

A obscenidade do jornalismo televisivo