sexta-feira, setembro 16, 2016

No tempo em que a justiça falava mais alto que hoje...

Até 2009 isto correu tudo muito bem, na Justiça, tirando o caso singular dos PGR que acabaram vilipendiados do mesmo modo e pelas mesmas "entidades" de sempre. Cunha Rodrigues e Souto Moura não resistiram ao ataque descabelado e inacreditável pela desmesura, vindo do mesmo lado de sempre: o PS e grupos adjacentes de bloco central.

Até essa altura não havia grande problema em os magistrados falarem e escreverem sobre o que lhes apetecesse.

Nestes, até um juiz Rui Rangel em programas de futebol televisivo participava e até foi candidato à presidência do Benfica...e defendia neste escrito do CM de 28.1.2009 os mais elevados princípios da igualdade de todos perante a lei e a investigação criminal que não deveria poupar ninguém por ser este ou aquele...e Pinto Monteiro,o então PGR,  fazia discursos de truz, com o mesmo sentido e muito elogiados.


Esta também não tinha problemas em afirmar tal coisa em entrevistas avulsas, como nesta ao O Diabo de 28.1.2009.E nunca teve qualquer problema em falar de tudo, mesmo de processos pendentes...



 Esta também nunca se eximiu a parlar sobre tudo o que mexia com a "corrupção", tal como nesta entrevista de Fevereiro de 2009. Resultados de encher o olho é que nunca se viram...


  Este, António Cluny, magistrado no activo, próximo do PS, também não se coibia de dar entrevistas onde falava sobre tudo e até processos pendentes, sem se comprometer, claro. Neste caso, o Freeport, em 10 Abril de 2009 na revista Tabu, do Sol. Ninguém o criticou ( nem tinha que criticar).




Em Maio de 2009, outro juiz bem conhecido anteriormente- Ricardo Cardoso- convidado aliás para programas de tv como o Prós & Contras, deu uma entrevista à revista Tabu, do Sol em que falou do que quis, incluindo processos então pendentes.

 Em 2005, disse numa entrevista: `Não me parece possível demonstrar que o poder político está a executar uma vendetta por causa de certas investigações. Mantém?
Sim e acrescento que a evolução foi ditada pelo aumento da importância do poder económico: o poder político viu reduzida a sua importância e vê-se condicionado pelo poder económico. E, por sua vez, o poder judicial representa um obstáculo aos interesses do poder económico e um incómodo para alguns políticos. Já muitos perceberam que há um pacto de não agressão entre os principais partidos acossados por investigações sobre o poder económico. O que alguns apenas começaram agora a perceber é que há também um pacto de partilha e invasão – não da Polónia, mas da Justiça.

(...)
 
Acha que o caso Freeport será um marco na história da Justiça?

Será sempre um case study, seja na perspectiva da imprensa ou do que venha a ser em termos judiciais. É apenas um marco temporal e temporário, do qual apenas será possível extrair conclusões com a distanciação necessária, dependendo dos seus resultados e evolução.
O que faria se estivesse no lugar de Lopes da Mota?
Não posso responder. Não é ético imiscuir-me na discussão de um caso concreto. Está-me vedado pelo estatuto.


 Foi aliás com o caso Freeport que o caldo se entornou e bem cedo. Em 7.2.2009, o PGR Pinto Monteiro, preocupado com as "fugas" de informação do processo, pediu "a brincar", "desafiando-o" a tal,  ao magistrado do MºPº, Júlio Pereira que então e agora dirigia e continua a dirigir o SIS, "para investigar as fugas de informação". Não se sabe se o mesmo levou a brincadeira a sério, mas teme-se que sim...


Por causa disto que então foi notícia como agora continua a ser:


Por isso mesmo é que se compreende esta atitude de arrogância que deu os seus frutos de continuidade até hoje:


E de facto tinha razão...




Mas a propósito disto convém lembrar o que um investigador da PJ, Teófilo Santiago dizia a propósito do que se passou nesse ano, até ao final...ou seja após as eleições legislativas desse ano, que foram uma "vitória extraordinária" no dizer do seu vencedor relativo.

Estas páginas do livro de Fernando Lima, Na Sombra da Presidência, ajudam a lembrar. O segredo de justiça do caso Face Oculta permaneceu intacto ( excepto na vertente mais importante porque os suspeitos sabiam o que se passava desde o dia 24 de Junho de 2009...) até depois das eleições, o que permite a interrogação legítima: e se tivesse existido violação desse segredo, teria existido " maioria relativa" do PS?





Vendo o que se passou entretanto e analisando a posteriori..

Público e Sol de 31.12.2009.


 Como é que o senso comum olhou para estes fenómenos? Assim, segundo Cid no Sol de 31 de Dezembro de 2009:


 Lendo isto e sabendo isto mais o que agora se sabe e as novidades que nos trouxeram os factos conhecidos do processo deste marquês, é caso para nos interrogarmos: que país é este?

Nessa altura também era notícia um caso antigo que foi onde tudo começou verdadeiramente. É do jornal Sol do dia de Natal de 2009 e explica quase tudo sobre o que certas pessoas de certas "entidades" pretendem fazer aos magistrados e estão agora a ensaiar com o juiz Carlos Alexandre.

Esta pouca-vergonha quando acabará? Quando formos alvo de chacota internacional?




3 comentários:

jbp disse...

O que é certo é que o PS regressa ao poder sempre que os seus líderes se encontram a braços com a justiça: Casa Pia em 2003 e Marquês em 2014.

zazie disse...

Muito bem recordado.

Parece que ninguém se lembra e não têm vergonha na cara.

Floribundus disse...

Carlos Drummond de Andrade

O Novo Homem

O homem será feito
em laboratório.
Será tão perfeito como no antigório.
Rirá como gente,
beberá cerveja
deliciadamente.
Caçará narceja
e bicho do mato.
Jogará no bicho,
tirará retrato
com o maior capricho.

''depois de EU o delúbio''

A obscenidade do jornalismo televisivo